Na semana 10 da temporada 2015 da NFL o New England Patriots visitou o New York Giants, nossos eternos algozes dos Super Bowls XLII e XLVI.
Com o melhor ataque da NFL sofrendo com desfalques, todos esperavam um confronto equilibrado. No entanto, poucos poderiam prever que a partida teria contornos dramáticos para ambas as equipes.
Melhor para os Patriots, que venceram por 27 x 26, espantando o fantasma dos Giants e mantendo sua campanha invicta.
Análise: Patriots x Giants
DEFESA
Antes da partida, já se sabia qual seria a chave para a defesa dos Patriots segurar o ataque dos Giants: parar o espetacular Odell Beckham Jr.. O encarregado da tarefa, nosso herói do Super Bowl, Malcom Butler.
Se essa era a chave, o início da partida foi um duro golpe nas esperanças da torcida Patriota, já que a primeira recepção de Beckham Jr. foi um touchdown de 87 jardas, simplesmente o maior touchdown de passe cedido pelos Patriots em toda a era Bill Belichick.
Na jogada, Beckham teve uma saída muito veloz no snap e conseguiu passar à frente de Butler. Apesar disso, o grande erro não foi de do cornerback, mas de Devin McCourty, que, estando na cobertura, escolheu um péssimo ângulo para tentar o tackle e acabou trombando com Butler, tirando do cornerback dos Patriots qualquer chance de alcançar o wide receiver dos Giants.
No restante do jogo, entretanto, Butler fez uma partida espetacular, cedendo a Beckham apenas 3 recepções para 17 jardas em 11 passes lançados em sua direção. Foi um belo duelo.
Com Beckham “apagado”, os outros recebedores dos Giants tiveram que trabalhar mais, e conseguiram algumas boas recepções.
Apesar de cederem alguns “catches”, os cornerback dos Patriots estavam em boas marcações na maioria das jogadas, contestando quase todas as recepções. O destaque negativo foi Rashaan Melvin, que cedeu duas longas recepções a Dwayne Harris no drive que colocou os Giants à frente no placar faltando menos de 2 minutos para o fim do jogo.
Se os wide receiver dos Giants tinham na maioria das vezes marcação dura dos corners dos Patriots, os tight ends e running backs encontraram buracos no meio do campo e várias vezes receberam passes com muita liberdade. Jonathan Freeny sofreu novamente na cobertura e não conseguiu completar alguns tackles contra running backs.
A atuação da secundária poderia ter sido melhor se nosso “pass rush” não tivesse caído tanto de produção. Mesmo com a volta de Jabaal Sheard, os jogadores do “front 7” dos Patriots tiveram dificuldades para pressionar Eli Manning, que teve muito tempo no pocket durante quase toda a partida. As exceções foram os sacks de Chandler Jones (agora com 10,5 na temporada) e Rob Ninkovich.
É de se esperar que o pass rush melhore sua produção com a volta de Jamie Collins, que está próxima.
No fim do jogo, a defesa conseguiu parar o ataque dos Giants em uma situação crucial. O time de Nova York teve uma 1ª descida para o gol, mas a defesa Patriota impediu o touchdown, permitindo que nosso ataque precisasse apenas de um field gol para vencer.
Finalmente, não sei se é o lado torcedor falando mais alto, mas o jogo deixou a impressão de que os árbitros marcaram algumas faltas de interferência no passe que não existiram, ajudando o ataque dos Giants a avançar e pontuar.

ATAQUE
Se a defesa dos Patriots começou mal, o ataque começou arrasador. O primeiro drive foi um exemplo de como se deve conduzir um ataque na NFL.
Com uma boa mistura de passes e corridas, os Patriots emplacaram um drive longo que culminou com o touchdown do tight end Scott Chandler, gastando um bom tempo do relógio e mantendo nossa defesa descansada.
Após o primeiro drive, no entanto, o ataque Patriota foi desacelerado, tanto por ajustes da defesa dos Giants como por erros individuais.
Começamos o jogo com a linha ofensiva que terminou a partida contra os Redskins, ou seja, uma “OL” bastante remendada e com o center Bryan Stork improvisado de right tackle.
Se o plano de jogo ofensivo já era limitado pelas peças presentes na OL, as dificuldades aumentaram quando Julian Edelman saiu contundido ainda no final do 1º quarto. Após o jogo foi confirmada uma fratura no pé de Edelman, que só deve voltar a campo no final da temporada regular ou no início dos playoffs.
Tom Brady cometeu alguns erros graves durante a partida. Um deles foi o fumble sofrido e recuperado pelos Giants, jogada em que Brady segurou demais a bola (o segundo fumble fica na conta de Stork, que deixou o defensive end dos Giants completamente livre para sacar Brady).
O outro erro, mais grave, quase teve consequências graves para os Patriots. Depois de uma bomba para Brandon LaFell, os Patriots chegaram perto da endzone. Brady posteriormente tentou achar o próprio LaFell para o TD, mas o passe foi atrás do wide receiver e interceptado pelos Giants. A interceptação permitiu ao time de Nova York avançar e chutar um field gol para passar à frente faltando menos de 2 minutos para o fim do jogo.
No entanto, Tom Brady compensou seus equívocos com um drive daqueles que marcaram sua carreira como o maior quarterback da história da NFL.
Com a bola em sua própria linha de 20 jardas, faltando 1:46 min para o fim do jogo e sem timeouts, Brady conduziu o ataque magistralmente para permitir que Stephen Gostkowski chutasse o field gol da vitória praticamente no estouro do cronômetro.
A atuação de Brady nesse drive fez lembrar os drives históricos contra os Rams, Panthers e Seahawks nos Super Bowls em que enfrentamos essas equipes. Não há quarterback mais confiável que Tom Brady quando se tem pouco tempo e é necessário conseguir o drive da vitória.
Há que se dar crédito a Danny Amendola, que mais uma vez apareceu em momentos cruciais, principalmente no drive da vitória. Além disso, Amendola conseguiu um espetacular retorno de punt e só não alcançou a endzone porque foi atrapalhado pelo companheiro Duron Harmon. Com a lesão de Edelman, precisaremos que Amendola continue atuando em alto nível.
Outros destaques ofensivos foram Rob Gronkowski e LeGarrette Blount. Blount conseguiu 66 jardas terrestres e 1 touchdown. Já Gronk foi monstruoso, contabilizando 5 recepções para 113 jardas e 1 touchdown numa jogada de 76 jardas.

TIMES ESPECIAIS
O que falar de Stephen Gostkowski? O kicker espetacular que simplesmente não erra teve nos pés a pressão de vencer o jogo para os Patriots e, como sempre, não decepcionou, acertando um chutaço de 54 jardas no estouro do cronômetro para virar a partida.
A tranquilidade de ter um kicker desse nível no elenco é uma coisa impagável na NFL.

DESTAQUES
Tom Brady (quarterback): 26/42, 334 jardas, 2 TDs e 1 INT.
Rob Gronkowski (tight end): 5 recepções para 113 jardas e 1 TD.
Malcom Butler (cornerback): com exceção do primeiro passe, apagou Odell Beckham Jr. do restante da partida.
Stephen Gostkowski (kicker): converteu um field gol de 54 jardas no último segundo para virar a partida.

First Downs: 22 (5 corridas / 15 passes / 2 faltas) | Terceira Descida: 7/14 (50%) | Total de Jardas: 406 (77 correndo / 329 passando) | Faltas: 7 (93 jardas) | Touchdowns: 3 (1 correndo / 2 passando / 0 retorno) | Field Goal: 2-2 (100%) | RedZone: 2/4 (50%) | Pontuação Final: 27 pontos | Tempo de Posse: 31:06 min.

COMENTÁRIOS PÓS-JOGO
Bill Belichick (técnico)
“Foram muitos elementos nesse jogo, ida e volta, ataque, defesa, times especiais, turnovers, big plays, faltas. Dê crédito aos nossos jogadores, eles realmente se superaram.”
Tom Brady (quarterback)
“Nós falamos antes do jogo que precisaríamos jogar duro por 60 minutos e precisamos de cada segundo. Estou orgulhoso do nosso time e do modo como lutamos, mas nós podemos fazer algumas coisas melhor do que fizemos hoje. Eu certamente posso.”
Stephen Gostkowski (kicker)
“Eu, Joe (Cardona – long snapper) e Ryan (Allen – punter e holder) estávamos muito calmos ali. Eu e Ryan estávamos rindo na sideline. Eu senti que teria aquela oportunidade.”

Demorou muito, precisamos de um jogo histórico, com uma virada no último segundo, mas finalmente conseguimos espantar o fantasma de não vencer o New York Giants. Ufa!
Os Giants saíram do caminho, mas temos vários problemas e desafios nas próximas semanas.
Com 4 vitórias de vantagem na divisão, nossa classificação aos playoffs está bem encaminhada. No entanto, o time precisa manter a pegada e focar no restante da temporada, já que o Cincinnati Bengals, nosso principal rival pela AFC até aqui, está invicto e, ao contrário do nosso time, saudável.
As lesões continuam a aparecer em jogadores importantes, e esta temporada começa a lembrar assustadoramente a temporada 2013. A ausência de Edelman será muito sentida, já que ele é um dos principais wide receivers na NFL atualmente.
Na próxima segunda-feira, os Patriots recebem o Buffalo Bills no Monday Night Football. Os comandados de Rex Ryan vêm bastante empolgados pela vitória contra os Jets, e aquela defesa começa a tomar os contornos que esperávamos no início da temporada.
Nos resta torcer para que os jogadores da linha ofensiva retornem de contusão para dar mais estabilidade à unidade e proteção a Tom Brady.
Acompanhem nossas redes sociais para notícias das contusões e dos treinos e não deixem de ouvir nosso podcast, trataremos mais a fundo desse jogaço contra os Giants.
We’re on to Buffalo!
Este post tem 4 comentários
Ilo Gusmão
16 nov 2015Foi um jogaço.
Patriots só ganhou pq os NYG não correram com a bola na última descida do time.
Como que o time não corre com a bola naquelas condições?
2′ e pouco no cronômetro, 1ª para o gol e eles tentam 3 passes?
Daisy
16 nov 2015Realmente o jogo mais emocionantes do ano, pena que nos custou o Edelman.
Leonardo Amaral
18 nov 2015Parabéns pela análise Sidney, você disse tudo!!! Que Minitron volte logo, chega de perdas para essa temporada.
Sidney Torres
18 nov 2015Obrigado Leonardo. Abraço!