Falta menos de um mês para o início do training camp, quando finalmente os jogadores colocarão os “pads”, o contato será permitido e começaremos a ter uma melhor ideia do time que se desenha para a temporada 2015 do New England Patriots.
Levando-se em consideração os jogadores que não retornaram para esta temporada, o centro das atenções passa a ser a defesa. A perda de jogadores que fizeram a melhor secundária dos Patriots nos últimos anos assusta, e a última linha da nossa defesa é uma incógnita para 2015.
Apesar de os medos dos torcedores estarem concentrados na secundária, percebemos que o foco das atenções da comissão técnica tem sido o “front seven”, como falamos em alguns textos anteriormente no Patriotas.
Recentemente, uma análise estatística do Football Outsiders veio ao encontro da mentalidade da formação da defesa 2015, o que passamos a analisar a seguir.
Defesa funciona quando pressiona
Primeiramente, é necessário falar um pouco do “modus operandi” do Football Outsiders.
Trata-se de um site dedicado a estudar estatísticas da NFL. No entanto, os métodos utilizados não são os convencionais.
Tomemos como exemplo dois running backs, analisando cada um por uma corrida que conseguiu 5 jardas. Para qualquer site de estatísticas, ambos estarão empatados, pois apenas as jardas conseguidas na corrida são computadas.
O Football Outsiders vai além. Uma corrida de 5 jardas em uma 3ª descida para 4 não pode ter o mesmo valor de uma corrida de 5 jardas em uma 2ª descida para 14, por exemplo. Além disso, os estudiosos do site citado diferenciam o momento do jogo em que houve a corrida, a defesa contra qual ela conseguiu as jardas, além de comparar com a média de todas as equipes da NFL naquela mesma situação.
É, eu sei, é bem complicado. Mas não há dúvidas de que o resultado da análise nos dá uma ideia muito mais precisa da qualidade de jogadores e suas jogadas (para entender a metodologia do Football Outsiders, clique aqui).
Recentemente o Football Outsiders fez uma análise das defesas da NFL, analisando-as quando conseguem e quando não conseguem pressionar os quarterbacks adversários.
Como pressão, considerou-se quando o QB é sacado, apressado ou forçado a sair do pocket.
Focando a análise nos Patriots, percebe-se que nossa defesa, na temporada 2014, pressionou o quarterback adversário em apenas 22,5% dos snaps, ficando apenas na 25ª posição nesse quesito.
No entanto, quando conseguiram pressionar o quarterback adversário, os Patriots foram ranqueados pelo Football Outsiders como a melhor defesa da NFL. Dos 8 quarterbacks que sofreram pelo menos 10 pressões da defesa dos Patriots em 2014, 6 tiveram um desempenho abaixo da média da liga.
Por outro lado, sem que a pressão chegasse no QB, os Patriots foram apenas a 27ª melhor defesa.
Esses dados nos permitem fazer algumas considerações.
Mesmo com um secundária extremamente talentosa, com Darrelle Revis, Brandon Browner e Devin McCourty, a defesa dos Patriots apenas se destacou quando conseguiu pressionar os quarterbacks adversários.
Uma boa pressão consegue disfarçar deficiências da secundária, mas uma excepcional cobertura não adianta se não se consegue pressionar o quarterback.

Não se está aqui diminuindo a importância da secundária, mas notando que mesmo as melhores secundárias sofrem quando o front seven não consegue chegar no quarterback.
Assim, os investimentos dos Patriots no front seven nesta offseason mostram que Bill Belichick sabe que, sem pressão no quarterback, a tarefa da secundária se torna bem mais difícil, ainda mais quando não podemos mais contar com a dupla de cornerbacks titular da última temporada.
Com vários jogadores de qualidade no front seven, a ideia é conseguir um rodízio de forma a sempre colocar em campo jogadores descansados, em condições de serem explosivos na linha de scrimmage para tentar quebrar o ritmo de passe dos quarterbacks adversários.
Se a estratégia dará certo, ainda é cedo para afirmar. Mas, como mostram as estatísticas e Bill Belichick bem sabe, as defesas funcionam quando pressionam, e este ano, se não temos mais a secundária de elite da última temporada, temos um dos melhores grupos de pass rush dos últimos anos nos Patriots.
Este post tem 6 comentários
Robson Carvalho
13 jul 2015Belo post. Realmente não tinha essa visão e baseado nas estatísticas o movimento dos patriots na free agency e no draft faz todo o sentido.
Felipe Von Zuben
13 jul 2015Como sempre falamos aqui Robson, os ataques que enfrentaremos dentro da AFC East, possuem QBs vulneráveis e a pressão do front seven será determinante no jogo!
Raphael Augusto
13 jul 2015Brilhante análise (tanto do “football outsiders” quanto do Patriotas).
É inegável o impacto de uma secundária forte, chegando a anular parte do jogo ofensivo dos adversários. Porém temos que pensar que a pressão gerada pelo front seven eleva as chances de erro do QB (e, por consequência, facilita o trabalho da secundária).
Parabéns pessoal.
Felipe Von Zuben
13 jul 2015Exatamente Raphael! Principalmente nesta AFC East de 2015 que tem QBs que ainda não se firmaram como titulares. A chave do jogo pode ser nesta pressão aos QBs instáveis que vamos enfrentar!
Rodolfo Bueno
15 jul 2015Pensando em secundária, acredita que com esse previsto bom desempenho do front seven o Butler pode crescer nessa temporada?
Ouvi coisas boas sobre ele nos treinos e boas referências sobre o Jordan Richards, dizem ser muito inteligente.
Abraço.
Felipe Von Zuben
15 jul 2015Sim Rodolfo,
o desempenho do front 7 influi na secundária sim. Uma pressão maior lá na frente alivia a pressão da secundária.
Nós já comentamos em alguns episódios do podcast que Butler está sim evoluindo e mostrando muita vontade.
Para ele é um prato cheio pois a equipe precisa que alguém apareça, só depende dele. Está inclusive treinando diretamente com Edelman para melhorar esta evolução.
Richards é um jogador muito inteligente sim, basta conseguir aplicar toda essa qualidade em campo!