Assistindo os jogos dos Patriots nesta temporada, ficamos todos com a sensação de que a linha ofensiva está acabando com o time e que Brady não consegue ter o mínimo de tempo para encontrar seus recebedores. Fica então a grande expectativa da volta de Isaiah Wynn e o que ele trará de melhora.
Acredito, contudo, que os problemas são um pouco maiores do que só a linha ofensiva e vou tentar mostrar abaixo em números (surpresa!) o motivo desse meu pensamento.
Antes de iniciar, quero deixar duas coisas bem claras.
1- Infelizmente encontrar números confiáveis de performance de linha ofensiva no jogo corrido é bem complicado, então não vou entrar nesse quesito. Mas já adianto que a OL de 2019 é sim pior do que a de 2018 e, certamente, influencia bastante na deficiência do jogo terrestre do time.
2- Já falei no podcast 181 sobre essa OL e muitos me criticam por não considerar Newhouse o maior problema do time. Na ocasião, os números de Marshall eram sim parecidos com o de Brown e, como falei no programa, teríamos que ver o quanto ele poderia evoluir.
Claramente ele não conseguiu evoluir e precisa sim ser substituído.
Essa minha análise, portanto, se baseia nas pressões sofridas por Brady nos jogos, ou seja, quantas vezes ele foi para o passe e chegou a ser pressionado pela defesa.
% de pressão em cada jogo até aqui:
vs Eagles – 33,1%
vs Ravens – 33,3%
vs Browns – 35,9%
vs Jets – 24,4%
vs Giants – 18,2%
vs Redskins – 30,4%
vs Bills – 30,8%
vs Jets – 16,7%
vs Dolphins – 43,2%
vs Steelers – 43,3%
Temos o jogo da semana 1, vs PIT, como a pior performance e a partida da semana 3, vs NYJ, como a melhor atuação da OL.
A média da temporada, sobretudo, está em 30,7% de snaps sob pressão.
Em 2018, na temporada regular, com Andrews e Brown no time, foram 25,8% de snaps pressionados para Tom, percentual 5% melhor do que temos em 2019.
Nesta temporada TB12 fez 402 passes em 10 jogos, o que dá uma média de 40,2 passes por partida. Vamos então considerar 40 passes.
Desses 40, 12 deles acontecem sob pressão (de acordo com a média que vimos).
Se aplicarmos a média de 2018 nesses passes de 2019 (simulando a performance da OL de 2018 nesse ano), Brady teria 10 snaps sob pressão.
Será mesmo que estes 2 snaps de diferença realmente são o principal problema desse ataque?
Onde quero chegar:
Um conjunto de problemas está fazendo com que o ataque não encaixe, certamente, como os fatos abaixo.
- Nosso jogo corrido não acontece. Fator que atrapalha bastante o jogo de passe, com a ausência de um play action eficiente.
- Mudança de jogadores como a saída de Gronk.
- Troca de receivers, fator que disponibilizou a Brady um grupo que ele não está acostumado a jogar.
- Mudanças que muitos acharam que seriam solução, como a ausência do TE Dwayne Allen que ajudava bastante a OL.
- Brady jogando menos do que estamos acostumados, fazendo leituras erradas e soltando passes bobos de forma ruim.
- Edelman, que jogou baleado já no começo da temporada, tendo problemas com drops bobos.
- Recebedores não conseguem separação.
Todos estes fatores acumulados, decerto, estão gerando o problema maior.
Precisamos daquele Brady que sempre trabalhou bem contra a pressão e, também, daquele McDaniels que sempre tinha a jogada certa para o momento difícil.
Em conclusão
Isaiah Wynn vai melhorar a unidade sim, mas não deve, decerto, ser a solução. Quero eu, como torcedor fanático que sou, estar errado, mas não aposto minhas fichas.
Volto a repetir: Newhouse protegendo o lado cego de Brady não é o ideal e, sim, o jogo corrido não acontece muito pela deficiência da OL.
Entretanto, achar que a volta de Isaiah Wynn e a saída Newhouse serão as soluções definitivas para o setor é, certamente, agir com emoção e não razão quando se analisa esse ataque.
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Eristton
20 nov 2019Acredito que as dificuldades também são de um playbook limitado, certamente eles não estão abrindo esse playbook. Janeiro é logo ali e aí segure-se quem puder