A situação de Malcolm Butler é uma daquelas que nos desperta para o fato de que a NFL é antes de tudo um grande negócio.
Pouco mais de dois anos após se tornar o improvável herói do Super Bowl XLIX, Butler encontra-se em uma posição que aparenta ser de desgaste com os Patriots, e isso pode abreviar sua carreira no time de New England.
Patriots têm o controle do caso Malcolm Butler
Inicialmente, é importante deixar claro que tudo que se fala em relação às negociações (ou falta delas) entre Malcolm Butler e os Patriots não é oficial. Trata-se de informações de “insiders” e suas fontes, o que dificulta a visualização da imagem perfeita da situação.
Mesmo assim, parece senso comum que Butler está insatisfeito com o modo com que os Patriots trataram as negociações do seu contrato.
Atualmente, Butler é um “restricted free agent”. Os Patriots colocaram uma “tender” de primeiro round em seu contrato. A tender pagará a Butler quase U$ 4 milhões pela temporada 2017.
Por ser free agent restrito, caso um time faça uma proposta por Butler, os Patriots têm o direito de igualá-la e manter o jogador. Caso New England opte por não igualar a proposta, o time perde Butler mas recebe como compensação a escolha de primeiro round do draft da equipe que o contratar.
Menos de U$ 4 milhões é um valor baixo para um cornerback desse nível, não há como negar. Nos últimos dois anos Butler se mostrou um dos melhores da liga na posição.
Fala-se também que os Patriots ofereceram em 2016 uma extensão contratual que pagaria a Butler por volta de U$ 7 milhões por temporada, proposta que teria sido recusada.
Os Patriots teriam dito a Butler que não pagariam mais de U$ 10 milhões a um cornerback. Aí provavelmente reside a frustração de Butler, já que na última semana, New England contratou o cornerback Stephon Gilmore com uma média salarial de U$ 13 milhões por temporada.
Primeiramente, é necessário diferenciar algumas coisas. Não se trata de jogadores em situação semelhante que receberam propostas tão discrepantes.
Precisa-se saber, por exemplo, se a proposta dos Patriots de U$ 7 milhões por temporada foi feita antes ou depois da temporada 2016.
Caso essa oferta tenha sito antes da temporada 2016, trata-se de proposta a um cornerback que vinha de apenas uma temporada como titular, e que após o cumprimento do seu contrato ainda seria um free agent restrito.
Se hoje parece absurdo que Butler assine por U$ 7 milhões por temporada, o mesmo não acontece se imaginamos essa assinatura quando o jogador, que nem foi draftado, tinha apenas uma temporada como titular.
Outra diferenciação importante entre os casos de Butler e Gilmore é que este é um “unrestricted free agent”. O ex-time de Gilmore, o Buffalo Bills, não possuía sobre ele qualquer vantagem na negociação.
Como o próprio nome diz, Gilmore era um free agent irrestrito, livre para escolher a oferta que melhor lhe parecesse.
Já Malcolm Butler está nas mãos dos Patriots, e Bill Belichick sabe disso. A situação é tal que é possível dizer que não há solução ruim para a equipe de New England.
Caso Butler receba uma proposta razoável de outro time, os Patriots podem igualá-la e manter seu cornerback. Já se a proposta for exorbitante, os Patriots perderão o jogador mas receberão uma escolha de primeiro round do novo time de Butler.
E ainda, caso nenhuma proposta chegue, New England teria um excelente cornerback por um ano pagando menos de U$ 4 milhões.
No ponto de vista do torcedor, é difícil ver um jogador tão rapidamente alçado à categoria de ídolo receber um tratamento estritamente negocial, tão desprovido de emoções. Mas é assim que os Patriots de Bill Belichick funcionam.
Grandes jogadores do passado como Lawyer Milloy, Deion Branch e Richard Seymour, já foram trocados ou dispensados, para desespero da torcida, mas o time continuou vencendo.
O lado torcedor quer que Butler continue nos Patriots, com contrato estendido. Mas olhando do ponto de vista dos negócios, os Patriots estão em uma situação confortável para não cederem a Malcolm Butler.
Este post tem 4 comentários
Paulo Rogério Grandisoli
14 mar 2017A situação chega a ser brutal, mas é a lógica prevalecendo sobre o coração e para qualquer dirigente é assim que deve ser. Já o nosso papel de torcedor é bem diferente.
Felipe Silva
15 mar 2017Vocês não consideram perigoso tratar o jogador assim e ele ficar? Não sei na NFL mas no futebol (soccer) se um jogador não recebe o que quer ou se não é vendido quando deseja ele faz corpo mole e não rende o necessário. Essa é minha preocupação, Butler é muito bom para ser desperdiçado assim.
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