Imagine se você pudesse aproveitar uma oportunidade para adiantar o início de suas férias em uma semana. Que maravilha, não? Pois foi o que os Patriots acabaram fazendo com a derrota para os Dolphins na semana passada.
Para que ficar treinando duas semanas quando era possível ser eliminado logo no primeiro sábado do ano? Estava claro que o elenco não era exatamente um material de Super Bowl e, pelo lado positivo, ao menos já acabou tudo.
A derrota para o Tennessee Titans é um ótimo resumo do que foi a temporada em Foxboro: com um pouco mais de carinho e inteligência as coisas poderiam ter um resultado bem diferente.
Por pior que os Patriots (principalmente o ataque) tenham atuado no último sábado, uma jogada poderia ter mudado completamente a história. E se Edelman não dropa aquele passe? E se Cannon não dá dois passos a mais e evita a flag na recepção do Watson? E se Burkhead consegue mais meia jarda? Pois é.
E daí que Derrick Henry correu para 182 jardas? Não se trata de uma partida de fantasy, então os Titans conseguiram apenas 14 pontos e o ataque de New England precisava apenas de um field goal no segundo tempo para vencer o jogo. Mas e para andar com a bola?
Algo que me irritou bastante foi a insistência de muita gente em jogar a culpa completamente em Josh McDaniels e isentar Tom Brady. Oras, ambos, assim como Bill Belichick, são culpados pela aberração que vimos durante o último ano.
Aos 42 anos, Brady não é um calouro que só ouve a chamada e aceita. Ele teve problemas com os recebedores, a linha ofensiva e o jogo corrido? Sim, e McDaniels também, pois é complicado pedir um duplo twist carpado para um ataque que mal consegue saltar.
Belichick tem culpa por não ter conseguido encontrar uma solução para a falta que Gronkowski faltamente faria, por decisões no draft (aliás, algo que tem sido um problema recorrente), entre outras coisas.
Brady – por mais que doa escrever isso – também já não é o mesmo. Apesar de ser capaz de fazer alguns grandes passes, sua mobilidade não é a mesma, seja pelo especulado problema físico ou simplesmente pelo passar dos anos.
E QUAL O FUTURO DE BRADY?
Serão pelo menos dois meses de especulação, com toda certeza. Afinal, acredito que nem mesmo Tom Brady saiba o que fazer da vida.
Ele é capaz de reconhecer que as coisas não são como antigamente – esteja comendo sorvete de abacate ou não – e que talvez seja a hora de dizer adeus e pensar no futuro. Ao mesmo tempo ele não deve querer terminar com uma pick six.
Enquanto escrevo, Josh McDaniels ainda não acertou com nenhum time e isso pode ser bom para Tom Brady decidir seguir em New England. Gostem dele ou não, é mais fácil o 12 seguir trabalhando com seu coordenador de longa data do que com algum nome novo.
Para seguir em New England, Brady vai pedir um time competitivo. Vai querer principalmente novos alvos: um recebedor que seja uma verdadeira ameaça em profundidade e um tight end em que possa confiar.
Se a ideia for encher os bolsos – algo que ele não precisa, mas dinheiro nunca é demais – talvez o melhor destino seja os Chargers, que já possuem um bom time e precisam de uma grande atração para o estádio novo que por enquanto será lotado por torcedores rivais.
Los Angeles adora uma estrela, por mais que ela não viva seu melhor momento e a alternativa seja a aposentadoria.
Não dá para descartar também uma ida para os Titans, que têm alvos, não possuem um QB com contrato para o próximo ano e são comandados por Vrabel, num sistema bem parecido com o que existe em Foxboro.
E também aparece a chance do Indianapolis Colts… por motivos de que Colin Cowherd apontou e eu não vou descartar.
Além de Brady querer ficar, acho que a decisão deve realmente passar pelas mãos de Belichick. Confio, apesar de tudo, no treinador. Se ele achar que é hora de virar a página, que viremos.
É O FIM DA DINASTIA?
De certa forma sim. Já ficou claro que Brady não é mais o mesmo e um QB como ele não se consegue em qualquer esquina. Pode perguntar para as outras 31 franquias da NFL.
Porém, acho que enquanto Bill Belichick for o treinador os Patriots serão competitivos, pois ele é um técnico que sabe trabalhar com o material que tem.
Outro nome que garante uma certa distância de anos de Cleveland Browns é Robert Kraft, que faz um trabalho mais do que digno desde que comprou a franquia.
Em todo caso, se este foi o fim… acho que aproveitamos. Que outro torcedor conseguiu ver seu time dominar a divisão por 19 anos e, neste período, jogar nove Super Bowls, conquistando seis deles?
Sabíamos que este dia chegaria e agora é hora de olhar para frente. De cabeça erguida.
Rafael Belattini
Rafael Belattini é jornalista com passagem pela ESPN e cobertura de dois Super Bowls. No Patriotas, Belattini escreve sua coluna semanalmente para falar sobre o seu time do coração, o New England Patriots. Siga Rafael Belattini no twitter.